Em Santa Maria, Gabriel Souza fala sobre duplicação da RSC-287, desenvolvimento regional e pré-candidatura ao governo do RS

O vice-governador do Rio Grande do Sul, Gabriel Souza (MDB), esteve em Santa Maria nesta quarta-feira (8) para compromissos oficiais e falou sobre os desafios para o desenvolvimento regional. Entre os temas abordados, destacou a continuidade da política de responsabilidade fiscal, o andamento de obras e projetos, como as duplicações da RSC-287 e da Faixa Nova. Também comentou sobre o cenário político para as eleições de 2026, do qual é pré-candidato. Souza falou por uma hora para mais de 130 lideranças empresariais e políticos, entre prefeitos da região e secretários estaduais. Foi durante um evento promovido pela Câmara de Comércio, Indústria e Serviços de Santa Maria (Cacism) e realizado na sede do Diário de Santa Maria.

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Continuidade fiscal e desenvolvimento regional

A palestra do vice-governador do Rio Grande do Sul, Gabriel Souza (MDB), em Santa Maria, teve início com uma retrospectiva das principais reformas realizadas pelo governo estadual desde 2019. Entre elas, destacou as concessões de serviços públicos e a Reforma da Previdência, aprovada em 2021, como medidas fundamentais para reorganizar as finanças do Estado e viabilizar novos investimentos. Segundo ele, o governo teve a coragem de fazer reformas que outros governadores acabaram não fazendo. Diante disso, o Estado saiu de uma grave déficit, com atrasos de salários, para uma condição em que conseguiu ampliar muitos os investimentos. Souza citou que o déficit da Previdência dos servidores estaduais consumiu R$ 12 bilhões extras em 2019 e que chegaria a R$ 19,7 bilhões em 2024. Como a reforma, acabou sendo de R$ 9,8 bilhões. 

- De 2010 a 2020, o Daer teve média de apenas R$ 150 milhões por ano para manter e asfaltar rodovias em todo o Estado. Em 2024, foram R$ 1,7 bilhão - comentou.

Gabriel Souza também apresentou um raio-x dos investimentos públicos e privados realizados nos últimos anos, incluindo ações diretas do governo, aportes indiretos e parcerias com a iniciativa privada, como a reinauguração e ampliação de indústrias em diferentes regiões. Durante a exposição ressaltou que a manutenção do equilíbrio das contas públicas é o principal pilar para garantir o desenvolvimento econômico e social do Rio Grande do Sul.

– A melhor das intenções do mundo não produz resultados se não houver recursos para isso. É fundamental continuar nessa trilha que o governador Eduardo Leite tem nos liderado, e que começou lá no governo Sartori – disse.

Entre os temas abordados, citou ainda os investimentos em rodovias estaduais e os esforços de recuperação das áreas atingidas pelas enchentes de 2024, além do apoio aos produtores rurais e das ações voltadas às áreas de saúde, educação e segurança pública. No encontro, o vice-governador pontuou os danos causados por eventos como enchentes e estiagem que atingiram o Estado nos últimos anos. Citou que o PIB gaúcho sempre é impactado em anos de seca e que, a cada safra afetada pela estiagem, o Estado perde até R$ 40 bilhões. Nesse sentido, falou sobre a importância de investimento em irrigação, para que os impactos possam ser minimizados no campo, em casos como a falta de chuva.

– Investir em irrigação é uma das coisas mais importantes para o futuro do Rio Grande do Sul. Os gráficos mostram, aqui, que são quatro estiagens em cinco anos, correto? O que acontece: se você tem estiagem, em que cai a produção, você renegocia a dívida, planta de novo e, nos anos seguintes acontecem outras estiagens e volta tudo para a estaca zero. Então, nós precisamos ter mais irrigação. Do contrário, nós vamos sofrer de novo uma bola de ferro amarrada – disse ele, durante a palestra, reforçando que as secas são as maiores causadoras de graves perdas no PIB gaúcho.

Investimentos na Região Central

No decorrer da palestra, o vice-governador também citou o montante de investimentos na região em áreas como saúde, educação, segurança pública e infraestrutura (veja abaixo). Segundo ele, o Rio Grande do Sul está “melhor preparado para o futuro”, e a Região Central, especialmente Santa Maria, tem papel estratégico nesse processo.

– Tenho certeza de que Santa Maria é uma das regiões mais importantes do Estado e tem condições de participar desse desenvolvimento, a partir da atração de investimentos e da geração de novos negócios – destacou.

Os dados da região
*conforme dados apresentados durante a palestra

• Total previsto para os municípios entre convênios, repasses e execução direta (2019-2025): R$ 124,4 milhões (deste, R$ 99,4 milhões já pago aos municípios)
• Recuperação de pontes e rodovias na região: R$ 494 milhões, com recursos do Funrigs
• Programa Pavimenta: mais de R$ 35 milhões investidos
• Saúde: teve investimentos de R$ 45,7 milhões entre 2019 e 2025
• Desenvolvimento Social: mais de R$ 12,3 milhões investidos entre 2022 e 2024
• Educação: R$ 140,4 milhões (2019-2025)
• Segurança Pública: investimentos de mais de R$ 36,3 milhões em obras e aquisição de viaturas para municípios da Região Central
• Horas-Máquina: mais de R$ 16 milhões para estradas vicinais e áreas urbanas dos municípios
• Agricultura: R$ 12,6 milhões para cisternas, microaçudes, poços, irrigação e Supera Estiagem
• Habitação: R$ 8,4 milhões por meio dos programas A Casa É Sua, Nenhuma Casa Sem Água, Nenhuma Casa Sem Banheiro, Porta de Entrada, Poços e Regularização Fundiária

Duplicação da RSC-287: possibilidade de antecipação

Questionado sobre a duplicação da RSC-287, o vice-governador confirmou que o governo estuda antecipar etapas do cronograma de obras. Ele explicou que o contrato de concessão prevê essa possibilidade:

– O contrato prevê, sim, a possibilidade de antecipações e variações no cronograma de investimento para começar uma obra em determinado lugar ou antecipar etapas. O prefeito Rodrigo Decimo está liderando essa pauta com o apoio do governo do Estado.

Faixa Nova: projeto em fase final e alerta sobre alterações

Outra pauta central foi a duplicação da Faixa Nova, uma demanda histórica de Santa Maria. Gabriel Souza informou que o projeto está em fase de finalização. Também citou o risco de atrasos caso sejam propostas alterações significativas no traçado.

– Ninguém vai impor um projeto a ninguém, mas é importante que as discussões não inviabilizem a obra. Às vezes, mudanças muito profundas ou caras podem elevar imensamente o custo e comprometer a execução – disse.

O vice-governador reforçou que a prioridade é viabilizar a obra o quanto antes e que, seguindo o cronograma atual, o governo pretende licitar o projeto já em 2026:

– Se houver mudanças no projeto, isso significa parar tudo e recomeçar a conversa, o que pode comprometer custo e cronograma.

Eleições de 2026: “Meu compromisso é com a continuidade dessa agenda”

Sobre o cenário político e a pré-candidatura do MDB ao governo do Estado em 2026, Gabriel Souza afirmou que ainda considera o momento “muito cedo” para discutir alianças, mas deixou claro que sua prioridade é manter o atual projeto de gestão pública.

– Meu compromisso é com a continuidade dessa agenda, ou seja, colocar as contas em dia, pagar os atrasados, voltar a fazer investimentos e aprimorar o serviço público. Me preocupa que potenciais adversários, à esquerda ou à direita, não tenham compromisso com essa agenda. Já vimos governos que fizeram o dever de casa e foram sucedidos por outros que desmontaram tudo – afirmou.

Gabriel Souza também reafirmou que o objetivo do MDB é garantir que o campo político que hoje sustenta o governo saia vitorioso nas urnas, para que o Estado não volte a enfrentar desequilíbrios fiscais:

– Tem muita coisa para fazer ainda, é verdade. Mas muita coisa já foi feita, inegavelmente. E quem nega isso, está negando as ações que colocaram o Estado em ordem.

Pesquisas e cenário eleitoral

Ao ser questionado sobre as pesquisas preliminares de intenção de voto, o vice-governador minimizou a importância dos levantamentos neste momento e citou eleições anteriores para mostrar que o cenário pode mudar ao longo da campanha. A pesquisa Quaest, divulgada em agosto, com intenções de voto para as eleições do governo do Estado em 2026 apontou Gabriel Souza em quarto lugar, com 5%. Antes dele, apareceram Juliana Brizola, do PDT, (21%), Tenente-Coronel Zucco, PL, (20%) e Edegar Pretto, PT (11%).

– É muito cedo. O governador Eduardo Leite, em 2018, tinha 6% das intenções de voto três meses antes da eleição. O governador (José Ivo) Sartori, a 46 dias da eleição de 2014, tinha 5%. O mesmo ocorreu com o (Germano) Rigotto em 2002. As pessoas só começam a prestar atenção nas eleições durante o período eleitoral – disse.

Confiante, Gabriel Souza concluiu que a candidatura que representar o atual governo será competitiva no pleito:

– Na hora certa, com as candidaturas consolidadas, aquela que representar o governo do Estado vai aproveitar a boa avaliação que temos junto à população e será competitiva. Não tenho dúvida disso.

Reações e expectativas

A iniciativa “Cacism Recebe” tinha como objetivo promover diálogo entre lideranças empresariais, autoridades e a comunidade local. Para o presidente da Cacism, Andrei de Lacerda, o evento marca “uma nova fase de aproximação entre o setor produtivo e o poder público.” Ele ressaltou que a presença de prefeitos, secretários e empresários favorece o encaminhamento de reivindicações à esfera estadual. Prefeitos de municípios da região, secretários estaduais e lideranças locais participaram do encontro.

Vistoria no Instituto Olavo Bilac

Antes disso, o primeiro compromisso oficial do vice-governador do Rio Grande do Sul em Santa Maria foi acompanhar as obras realizadas com recursos do governo do Estado no Instituto Estadual de Educação Olavo Bilac, uma das escolas mais tradicionais do município, fundada em 1901. Ele esteve acompanhado pela secretária estadual de Obras Públicas, Izabel Matte.

As obras estão sendo realizadas com recursos do governo estadual e contam com um investimento de R$ 6,4 milhões. O projeto contempla a requalificação completa da estrutura da escola, que atende cerca de mil alunos da educação infantil ao ensino médio, e também EJA (Educação de Jovens e Adultos).

Durante a visita, o vice-governador destacou a importância histórica da instituição e reforçou o compromisso do governo com a educação pública de qualidade.

– Uma escola de 1901, histórica aqui no município de Santa Maria, tem mais de mil alunos em toda a jornada educacional. São R$ 6,4 milhões investidos pelo governo do Eduardo Leite. Depois de décadas sem investimentos, voltamos a restaurar escolas históricas, como é o caso do Olavo Bilac – afirmou.

Segundo ele, o cronograma da obra está em dia e a expectativa é de que a entrega da nova estrutura aconteça até o meio de 2026:

– A obra está indo muito bem. Se continuar assim, vamos cumprir a meta de inaugurar a escola restaurada até o meio do ano que vem. Vai ser uma escola padrão ouro, como devem ser todas as escolas gaúchas, especialmente aquelas que resgatam a memória e a história do Rio Grande do Sul.

Agenda seguiu na UFSM

Na quinta-feira (9), ele participa do VIII Congresso Brasileiro e V Congresso Latino-Americano de Bioética e Direito Animal, que ocorre na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). O evento, com o tema “Políticas públicas e direitos animais em desastres”, será realizado às 10h, no Centro de Ciências Sociais e Humanas (CCSH).